Aprender a viver em família
As descobertas que se fazem de vez em quando... Desta vez, na revista Sábado, um artigo interessante (Vera Moura) sobre um curso muito útil: Como ser um bom marido e um bom pai.
A escola surgiu na Coreia do Sul, em 95, como tentativa de prevenir a avalanche de divórcios. "Naquele país, os homens são descritos como sendo desligados das suas famílias, emocionalmente fechados, focados unicamente no trabalho e, em alguns casos, agressivos para as suas mulheres, que tratam desdenhosamente por jip saram (pessoa da casa) quando estão à frente dos amigos." A escola, Father School, iniciou-se nos EUA em 2000 e já "está em 57 cidades norte-americanas.
O curso é constituído por "quatro sessões de cinco horas intensivas cada" e inclui exercícios de abraços, palestras, vídeos didácticos, desenhos da família, escrever testemunhos, etc. E há TPC: "convidar as mulheres para sair à noite, dizer 'eu amo-te' e escrever listas das 20 coisas que mais se gosta nelas." Podem parecer trivialidades, mas são pormenores importantíssimos, os pequenos gestos, uma atenção, um carinho.
Este curso também podia ser muito útil no nosso cantinho que supostamente aprecia a vida familiar. O número de divórcios não pára de aumentar e muitas mulheres queixam-se de maridos ausentes. Pessoalmente, acho que também as mulheres se estão a tornar mais frias e obcecadas pela sua profissão, tal como os homens.
O equilíbrio é o mais difícil de se conseguir e a vida familiar requer equilíbrio, senão os laços desfazem-se dia a dia. Há famílias que mais parecem pensões familiares em que apenas se partilha um espaço, com as refeições desencontradas, e quando se sentam à mesa invariavelmente é para olhar uma televisão colocada estrategicamente na sala ou na cozinha.
Se amar é uma aprendizagem, a vida familiar também é. Este tema sempre me fascinou e acho até que lhe vou dedicar mais alguns posts aqui. Afinal, a vida familiar é uma das coisas verdadeiramente essenciais, não acham?
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Portugal, a velha casa
Portugal das nuvens brancas de Maio
dos sorrisos luminosos
das canções populares
dos rios frescos
das cidades brancas
dos poetas esquecidos
das árvores resistentes
da família e dos amigos
dos festejos
dos abraços
Portugal, a velha casa
a que nunca se abandona
a que nunca se esquece
a que nos prendeu a alma
e nos encheu de alegria
Que eu saiba guardar sempre
a tua claridade
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O valor do trabalho
Sempre tive alguma dficuldade em perceber este quase desprezo nacional pelo trabalho, a desvalorização de quem cumpre compromissos e horários, colocando num pedestal quem se promove de forma meteórica, quem procura o estatuto e as luzes da ribalta. Até muito recentemente, a palavra-chave era "emprego" e não "trabalho".
"Emprego" é precisamente o estatuto, os direitos, as garantias. "Trabalho" é acção, resultado, competência.
Não admira que esta cultura do "emprego", que não sei de onde surgiu mas que se instalou sobretudo após a "revolution", seja a mesma que considera natural fazer greve numa empresa pública falida, num país falido, onde mais de 14% dos seus conterrâneos estão fora desse privilégio: trabalhar para adquirir a sua autonomia, para se sentir socialmente activos e úteis. Outro estranho sintoma é a insistência em valorizar feriados e fins-de-semana e pontes e férias, e achar natural o mau-humor das segundas-feiras, como adolescentes mimados. E isto num país que deve mais do que produz.
Só o trabalho dá autonomia verdadeira. Por isso, o seu valor vai muito além do que lhe é atribuído. A liberdade adquire-se quando se pode rejeitar as situações indignas de servilismo e contestar as injustiças sociais. Resumindo, ser um cidadão livre, exercer a sua cidadania.
A liberdade também é um valor que tem sido desvalorizado em detrimento da dependência e do conformismo. Isto está a mudar, o que só nos deveria alegrar. Um país de cidadãos autónomos é muito mais saudável e resistente às situações adversas.